quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

VAIDADE DAS VAIDADES

 VAIDADE DAS VAIDADES 


Aonde as coisas qu’eu esqueço vão

Nos desvãos da memória envelhecida?

E esses poemas, falando ou não da vida,

Quem me dirá que não foram em vão??


Como a viga que, após vencido o vão, 

Sobre si via nenhuma fora erguida…?

Ou como alguma língua já perdida, 

Tendo sido não será um sopro vão?    


Alguém talvez encontre esse legado, 

E ria das quimeras das idades; 

Ou lamente a miséria do passado; 


E ao recordar-me os feitos e as verdades 

— Páginas d’um caderno amarelado — 

Julgue isto a vaidade das vaidades…


Belo Horizonte - 15 01 1995 

Nenhum comentário:

Postar um comentário