SEM FALSA MODÉSTIA
Como um jogador preso à roleta,
Sem mérito senão o de apostar,
Lanço versos esdrúxulos pelo ar,
À espera da leitura que os completa.
Não cuido do que ganho sendo poeta,
Embora gaste os dias, sem cessar,
N’uma obsessão difícil de explicar,
Senão como deslumbre vão de esteta.
Escrevo com receio de que a sorte
Ou a musa — vai saber?... — não me conforte,
Como um jogador entre trapaças.
Em todo caso, sou o que podia:
Caminhante em estado de poesia
Face a céus refletidos em vidraças.
Nova Lima - 23 12 2022
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