MARTÍRIOS
Mil vidas eu tivesse, mil daria!...
Viver por um amor que acolhe e cuida,
A despeito de quanto ao redor ruida
A multidão raivosa em boataria.
Mil mortes se sofresse, eu sofreria
Na fé de que a memória seja fluida
E segredasse os factos que descuida
Ao esquecer do que nunca falaria.
Confesso que vivi -- parafraseando
Outro poeta que amou e que viveu
Passando por martírios quando em quando --
Dizei de mim: D'amor ele morreu...
Morro, porém, mil vezes duvidando
D'alguém que tenha amado mais do que eu.
Betim – 20 10 1996
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