YBY MARÂ-E’YMA
Sem males era a Terra Afortunada
D'aqueles que sonharam para Além...
Ao receber quem finda a caminhada
E então, parte da Terra, lhe sustém.
Uma Terra por matas adornada,
Onde por sobre o vento em vai-e-vem.
E os espíritos têm sua morada,
Gozando dos primores sumo bem.
Sem espada nem cruz ou encruzilhada
Que morte e cativeiro em si contém.
Uma Terra antes mais imaginada
Do que terras onde o ouro faz refém.
Sem fome nem moléstia nem mais nada
Que faça esmorecer ainda alguém.
Uma Terra entre as terras procurada,
Que a Bem-Aventurados mais convém.
Os homens verdadeiros pela estrada
Das estrelas seus marcos longe veem,
Deixando para os outros a picada
Que através das florestas os provém.
Mas a terra-chão, essa ora habitada,
Entre conflitos, dores e desdém,
Seja com mais sangue enfim deixada
Àqueles que com sangue s'entretêm.
Pois a Terra-Sem-Males desejada
Somente a quem dos males já se abstém:
Por cá vivendo em paz toda a jornada,
Por lá vivendo em paz será também.
Betim - 15 06 2020
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