AGUACEIRO
Gosto de quando a rua vira rio
Durante um aguaceiro formidável!
Gosto de perscrutar o imponderável
Dos céus descendo à terra em desvario.
É bom sentir bater o baque frio
Da saraiva por sobre o impermeável,
No clímax da Natura irrefreável
Ao se precipitar pelo vazio.
De botas, sigo andando na torrente
Com forças a medir contra a corrente,
N’um brinquedo vadio e descuidado.
E tenho que me vale este momento
Toda a vida vivida ao sentimento
De ver, como eu, o mundo transtornado.
Betim - 14 11 2022
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