OPALESCÊNCIAS
Como crer na algidez de tuas falas,
Quando em teus olhos vejo tanto ardor?
Ou como ainda negas teu amor,
Se quando eu te confronto tu te calas?
Olhos, que a me luzir duas opalas,
Com negra iridescência têm calor
Em contraste co’os lábios já sem cor,
De quanto, inconvincente, tu me falas.
Pois entre o que se diz e o que se pensa,
Não raro pode haver distância imensa,
Mesmo que o coração esteja à palma.
Até porque, nos lábios, a verdade
Esconde-se com mais facilidade…
Já olhos dizem ser janelas d’alma!
Belo Horizonte - 10 10 1991
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