CONFINAMENTO
Eu ora bocejo; ora m'espreguiço,
E tento não pensar no que receio.
Como pudesse estar de todo alheio
Ou senão bem distante de tudo isso.
Logo, porém, s'escuta o rebuliço
De vozes findando o meu recreio.
Nem mesmo a solidão que vão pleiteio
Parece m'evitar tal desserviço.
Assim, não há trabalho nem descanso,
Apenas uma espera desmedida,
Entremeada de dúvidas e ranço.
O tempo hoje faz mais parte da vida
E justo quando mais desesperanço
Eu conto ao coração cada batida.
Betim - 23 03 2020
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