HOMO EROTICUS
Quem sabe que quer Deus pelos seus planos,
Senão fazer dos homens mais humanos
A ponto que se toquem??
Ou será que o desejo não vem d'Ele
E os ardores que tenho à flor da pele
Tão-só males provoquem?...
O que sei é que o Amor, divino ou não,
Me fez com que buscasse a tua mão
Pousada sobre a minha.
E que, contados todos os segredos,
Eu sentisse na ponta de teus dedos
Passar a estreita linha...
Entre beijos por fim reconhecer
Que estava todo ali a te querer,
Entregue a tuas carícias.
E ainda, sem passado e sem porvir,
Eu por todo o teu corpo descobrir
Um jardim de delícias!
Na novidade doce de teu sexo,
Eu perceber-me ávido e perplexo
No afã que me possuas.
E, na força de tuas carnes rijas,
Saber que tu em mim te regozijas
Por nossas peles nuas.
E depois, reclinado no teu peito,
Te veja espreguiçado pelo leito
Buscar a minha boca.
Sentir que tu de novo me desejas
Quando, pelo vigor com que me beijas,
O teu sexo o meu toca.
Mas agora, descendo por meu ventre,
No meu gozo somente se concentre
A tua boca cálida.
Ao que minha mirada se arregala
A ver tu espalhares minha gala
Por tua pele pálida.
Ah! Queira Deus que tu 'inda me queiras
Por ardor ou quaisquer outras besteiras
De novo aos braços teus.
E esse Amor que nos toma tão imenso
A repetir-se ainda mais intenso,
Também seja de Deus!...
Betim - 25 11 2018
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