POETAR
Escrevo-me poesia a duras penas
De todo mundo e de ninguém; de mim.
Encontrar às palavras algum fim,
Que sirva ao coração nas horas plenas.
Belas mentiras n'almas tão serenas
Dizem os versos sem som e sem sim
Que baldo canto, mas ainda assim,
Encantar o outro com fictícias cenas.
Se houver algum sentido na minha ética
Onde o próprio poetar se legitima,
Não careço de sistemas nem de poética.
Mas há no postulado pouco acima
A constatação última, algo hermética:
Ter que amores mais co'as dores rima...
Belo Horizonte - 15 07 1997
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