terça-feira, 19 de maio de 2020

ÉDIPO, REI

ÉDIPO, REI

Há-que se vazar, cego, as próprias vistas
Aquele cuja culpa imensurável!...
O Fado fez de mim o Inescusável
E reduziu a pó minhas conquistas.

Se falo é para o bem dos idealistas:
-- "Duvidai da fortuna d'um notável!"...
A vida é aforisma impenetrável,
Que resta ao escrutínio de sofistas.

Vago agora por uma noite eterna,
Onde as glórias se mostram relativas
Ao largo de palavras compassivas. 

E ao vão das horas mortas me governa
Só a ânsia d'haver pela má jornada
A terra de meu túmulo sagrada.

Belo Horizonte - 15 05 1998

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