terça-feira, 5 de maio de 2020

EM OBRAS

EM OBRAS Estranha estrada a dar-me ofício aos ossos Esta que no final manda-me às favas! Em obras, todavia, deixo oitavas Inacabadas face a embargos nossos... Minha vida são épicos destroços, Feito escória do chão vinda das cavas. Eu nos livros livre escrevo escravas As letras em seus muitos alvoroços. O leito carroçável e a sarjeta Do trecho interrompido a canetadas Na frase onde tropeça todo poeta Se m'espalha na poeira das estradas, Sou quem se consome a alma inquieta: Um-mestre-de-obras-primas-quase-nadas. Betim - 18 08 1999

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