quinta-feira, 21 de maio de 2020

SOB O PÓRTICO

SOB O PÓRTICO

Observo do vestíbulo o arco gótico, 
Sobre-elevando ogivas a alturas vãs,
Como se não para homens, sim titãs
Que viessem n'um cortejo apoteótico.

Do mais extravagante ao mais exótico,
Cruzes santas e gárgulas pagãs
Ornam os capitéis d'onde malsãs
Testemunham outro óbito despótico... 

Há algo que repugna e atrai no crime 
E as cabeças roladas a um só gesto 
Não falam apinhadas sobre o vime.

Hoje, esse átrio silente é só seu resto,
Onde tão desolado que sublime, 
Eis-me aqui sob o pórtico funesto!

Belo Horizonte - 12 10 1999 

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