sexta-feira, 1 de maio de 2020

DESTEMPERO

DESTEMPERO

Ninguém me julgaria o destempero
Fosse eu ainda um homem mais ameno.
Clamando aos quatro cantos no sereno,
Eu bebo muito mais do que tolero...

Se dos outros eu pouco ou nada espero,
É porque tenho marcas de pequeno.
Ácido, em minha boca igual veneno,
Eis o esplêndido fel que vitupero!

Cético das alheias alegrias,
Eu gargalho de suas fantasias
Onde há tão-só engano, não verdade.

Se há muito evito temas comedidos,
Faço versos a gritos parecidos
Imerso n'uma dúbia insanidade,

Belo Horizonte - 18 04 1998 

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