segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

BACURAU

BACURAU

Ave de boca aberta, engole vento
Ao rapinar as nuvens de insectos.
Surpreende pela noite os circunspectos
Que vagam nas desoras ao relento.

Mal veem o seu contorno pardacento,
Mas bem lhe ouvem os lúgubres projectos...
Muitos sequer conhecem d'ele aspectos,
Tão obscuro que é seu avistamento.

-- ''Amanhã eu vou...'' -- lembra seu piado,
Como fosse um noctívago cansado,
Que hesita em deixar a madrugada.

Sim, vigia na noite a mata escura
Co'a mesma ensimesmada e só procura
Que o boêmio algures faz do nada ao nada.

Betim - 07 12 2020

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