segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

COPAS ENVERGONHADAS

COPAS ENVERGONHADAS

Cheias de não-me-toques, as coroas
Dos altos eucaliptos pelo vento
Ondulam a ciciar n'esse momento
Em que caminho longe das pessoas.

Sob o rumor das ramas passo lento,
Rememorando coisas más e boas...
Mas me pego encantado a tecer loas
Ainda às pudicícias vãs do evento:

Sim, as árvores têm suas vergonhas,
Assim como ora tenho meus remorsos,
Em meio a horas tão sós quanto tristonhas.

Pois apesar de todos os esforços,
Somos só solitários a afastar
O bem e o mal de quem quer nos tocar.

Sobrália - 21 12 2020

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