A RAINHA
É muita audácia ousar ser tão feliz!
D'um egoísmo ainda maior amar!
Como pelo Mondego navegar
Oceanos de tristezas sob céu gris...
Uma fonte de lágrimas, meu país
Tornou-se eternas algas a sangrar
E ainda hoje meu pranto faz chegar
Às margens d'este rio d'águas vis.
O rio de hoje e a fonte de ontem... São
Do Estige essas águas! Mas que importa?
A vida é sonho e a noite imensidão...
E o beija-mão da Rainha? Inês é morta!
Manda aos maus arrancar o coração
A dor que nada nem ninguém conforta.
Belo Horizonte - 12 06 1996
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