UM OUTRO
É preciso cuidado com tais dias
Em que a tristeza chega devagar.
Se exacto quem escondo ouso encontrar
E me descubra um Outro em fantasias.
Porque se às já comuns melancolias
Vêm-me outras de carácter invulgar,
Sem qu’eu possa mais d’elas duvidar,
Como se quotidianas companhias.
Entretanto, eu a mim mesmo sofismo
A realidade pelos meus sentidos,
Ainda que me veja em sós olvidos.
Inconsciente e insensível, meu egoísmo
Posto ao limite já da sanidade,
Um Outro, ser sem ser, será verdade?
Belo Horizonte – 15 01 1998
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