CÂMARA ESCURA
Um furo rouba o sol em plena a luz do dia
Pela réstia através d'esse quarto em penumbra:
A palmeira invertida à parede se alumbra
Sobre a linha que o claro-escuro dividia.
O sol roubado ao dia em luz fina irradia
Poesia que s'espalha em uma absoluta umbra.
A imagem que se forma ao olhar tanto deslumbra,
Que o quarto se torna um vão de fantasia!...
A luz do sol por si quase nada me ilumina,
Senão a parede onde o afora se avizinha
Ao quarto em claro-escuro e fúria repentina.
A poesia seja luz de luz que seja a minha...
Câmara escura ao sol sobre minha retina
Entreaberta a ver aquela palmerinha.
Inhapim - 20 10 1995
Nenhum comentário:
Postar um comentário