domingo, 5 de abril de 2020

CÂMARA ESCURA

CÂMARA ESCURA

Um furo rouba o sol em plena a luz do dia
Pela réstia através d'esse quarto em penumbra:
A palmeira invertida à parede se alumbra
Sobre a linha que o claro-escuro dividia.

O sol roubado ao dia em luz fina irradia
Poesia que s'espalha em uma absoluta umbra.
A imagem que se forma ao olhar tanto deslumbra,
Que o quarto se torna um vão de fantasia!...

A luz do sol por si quase nada me ilumina,
Senão a parede onde o afora se avizinha
Ao quarto em claro-escuro e fúria repentina.

A poesia seja luz de luz que seja a minha...
Câmara escura ao sol sobre minha retina
Entreaberta a ver aquela palmerinha.

Inhapim - 20 10 1995   

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