Espaço para exibição e armazenamento de poemas à medida que os vou escrevendo. Espero contar com o comentário de leitores atentos e gente com sensibilidade poética por acreditar que o poema acabado não precisa ser o fim de uma experiência, sim o início de um diálogo.
domingo, 31 de maio de 2020
NOME ARTÍSTICO
sábado, 30 de maio de 2020
VEIA POÉTICA
VEIA POÉTICA
Bêbado, o poeta serve-se de agonia
Que lh'escorre da veia em hora incerta.
Deixa sangrar... À chaga mais aperta,
Enquanto a folha em versos se tingia.
Algo haverá de torpe na mania
De se meter o dedo em chaga aberta...
Contudo, desatada e descoberta,
Da veia os versos fluem em sangria...!
Exangue, o poeta escreve em solidão.
Logo o vinho que bebe e lhe invalida
A folha que encharcada cai ao chão.
E os versos onde pôs a alma despida
Perde ainda que sangre o coração,
No afã de por sua arte dar a vida.
Betim - 20 03 1994
SETE DE OUTUBRO
TRANS-F(L)OR-MAR
sexta-feira, 29 de maio de 2020
CANTO NOVO
quinta-feira, 28 de maio de 2020
ORÁCULOS
ATRAVÉS
quarta-feira, 27 de maio de 2020
PELE A PELE
terça-feira, 26 de maio de 2020
FLAMENCO
De acordo co'os acordes que me ouvis,
Eu acordo co'as cordas do violão.
E acovardo a dor do coração;
N'um canto em cujo encanto sou feliz.
Como incorpora o ritmo um aprendiz,
Que se cresce e se cria na canção,
Corpo e alma logo em mim concordarão
Às palmas da morena que a mim quis.
Sabei: De cor o acorde que me acorda
E concorde à poesia se me afiança
A dor que o coração em vão aborda.
Escutai-me, vós outros, na confiança
De que deslize a voz em cada corda
Às palmas da morena que a mim dança.
Betim – 13 05 1993
ERRO DE CONTINUIDADE
segunda-feira, 25 de maio de 2020
ÀS SOMBRAS
FARÓIS NA ESTRADA
RONDA NOCTURNA
INÚTIL
sábado, 23 de maio de 2020
SOB OS LENÇÓIS
sexta-feira, 22 de maio de 2020
AO ACASO
OCULAR
quinta-feira, 21 de maio de 2020
SOB O PÓRTICO
terça-feira, 19 de maio de 2020
ÉDIPO, REI
ANGÚSTIA
segunda-feira, 18 de maio de 2020
DE BANDEJA
sexta-feira, 15 de maio de 2020
O QUE EU PUDE TE DAR
quarta-feira, 13 de maio de 2020
O SOM DOS CACOS
segunda-feira, 11 de maio de 2020
VISTAS GROSSAS
sábado, 9 de maio de 2020
HAVEREMOS
ÀQUELA BELA
sexta-feira, 8 de maio de 2020
EM MEADOS DE ABRIL
quinta-feira, 7 de maio de 2020
LONJURAS
terça-feira, 5 de maio de 2020
EM OBRAS
domingo, 3 de maio de 2020
O POEMA PERDIDO
Retoma à folha em branco o teu sentido
E escreve. Torna àquele instante que herda
De palavras e idéias sua perda:
Rebusca em ti o poema perdido.
Recordas? A memória um tanto lerda
Vai seguindo as pegadas desde o havido,
Além das armadilhas vãs do Olvido,
Sem ignorar, porém, o abismo à esquerda.
Voa, condoeiro, mais alto que o condor:
Parábolas, hipérboles, elipses...
Descritas voltas p'las esferas tríplices
Do ser a superar-se outro ao compor...!
É imperativo: 'inda que alterado,
Debruça-te sobre ti, reencontrado.
Belo Horizonte -19 01 1999
POETAR
Escrevo-me poesia a duras penas
De todo mundo e de ninguém; de mim.
Encontrar às palavras algum fim,
Que sirva ao coração nas horas plenas.
Belas mentiras n'almas tão serenas
Dizem os versos sem som e sem sim
Que baldo canto, mas ainda assim,
Encantar o outro com fictícias cenas.
Se houver algum sentido na minha ética
Onde o próprio poetar se legitima,
Não careço de sistemas nem de poética.
Mas há no postulado pouco acima
A constatação última, algo hermética:
Ter que amores mais co'as dores rima...
Belo Horizonte - 15 07 1997
TEATRO DE RUA
Se há páginas em branco pela rua,
A minha pena pode transformá-las:
No vir-a-ser de mais papeis e falas
Alçar uma verdade e pô-la nua…!
Para além do circense se situa,
Quando trupes caminham entre galas,
Fazem do quotidiano nobres salas;
E da praça, outro palco onde se atua.
A existência é uma comédia de erros,
Cujos actos irrompem já patéticos
Após fechar a cena ainda aos berros.
Máscaras têm diálogos frenéticos,
E, enquanto o poeta azula pelos serros,
Jogam na rua seus textos herméticos.
Contagem - 12 11 1999
TEATRO DO MUNDO
Sobre a arena há o espírito perene
Dos sonhos de toda a Humanidade
Como algo que atravessa cada idade
Ou realidade que Além se nos ordene.
Faz-se a luz! No proscênio Melpomene
Do espetáculo lívida se evade.
E, na celebração da liberdade,
Eu, pessoa sob máscaras, m'encene.
Seja teatro o mundo onde uma consciência
Dramática apresente novas miras,
Que se inspiram concordes à experiência.
No interlúdio da acção, ressoem liras!…
Visto as histórias serem, em essência,
Meias verdades, pois, belas mentiras.
Betim - 21 05 1998
sábado, 2 de maio de 2020
RASCUNHOS
Se em ti há algo morto ou adormecido
Como se fragmentado em toda parte.Ou a vida bem diverso foi tornar-te, D'aquele que querias tu ter sido.
Busca os rascunhos que hás esquecido,Até te reencontrares em tua arte. Psicologia alguma há-de curar-te,
Enquanto não tiveres um sentido.
Verás a vida toda n'um segundo
Dando a teu manuscrito acabamento.a
sexta-feira, 1 de maio de 2020
DESTEMPERO
Ninguém me julgaria o destempero
Fosse eu ainda um homem mais ameno.
Clamando aos quatro cantos no sereno,
Eu bebo muito mais do que tolero...
Se dos outros eu pouco ou nada espero,
É porque tenho marcas de pequeno.
Ácido, em minha boca igual veneno,
Eis o esplêndido fel que vitupero!
Cético das alheias alegrias,
Eu gargalho de suas fantasias
Onde há tão-só engano, não verdade.
Se há muito evito temas comedidos,
Faço versos a gritos parecidos
Imerso n'uma dúbia insanidade,
Belo Horizonte - 18 04 1998
CISMAS
Algo tem-de aliviar a minha dor...
A angústia inenarrável do momento,
Que queda sobre mim sem mais intento
Co’a fúria d’um arcanjo vingador...!
Embora nada tenha a meu favor,
Meus males vêm sangrar-me sem contento,
Restar-me-á tão-só clamar ao vento
Um desencanto a mais de sonhador.
Sonhos?! Sei me perder idéias e ideais...
Verdades eu me nego em vãos sofismas
De pensamentos tristes e demais.
Ansioso, passo as horas entre cismas
Incapaz de qualquer desejo mais
Minh’alma sobre a noite atra se abisma.
Betim - 12 05 1996
SUJEITO OCULTO
Subentendido em toda e qualquer foto
Está aquele que nunca aparecia…
Ei-lo não no que o quadro evidencia,
Mas sim atrás da lente mais remoto.
Ele faz o sorriso mais garoto
Se nos brotar às faces de alegria.
E após eternamente companhia
Mesmo permanecendo quase ignoto
Aquele que regista um instantâneo
Faz-nos brilhar lampejos de saudade
N'algum gesto talvez pouco espontâneo.
Visto que retratista de verdade,
Ao revelar o olhar contemporâneo,
Entre na foto pela qualidade!…
Betim - 01 05 2020